domingo, 7 de agosto de 2011

Em Nairobi


Encontro de Jesuítas e Ordenação Sacerdotal

Estive nesta semana que passou em Nairobi, num encontro desta Província de padres Jesuítas que não fizeram ainda a terceira provação. Aproveitei a minha estadia em Nairobi para participar na ordenação de um Jesuíta queniano, que teve lugar no dia 31 de Julho, dia de Santo Inácio de Loyola, numa paróquia que os Jesuítas têm num bairro pobre de Nairobi. A Igreja, apesar de ser muito grande, estava completamente cheia. Muitas dezenas de Jesuítas concelebraram. Foi uma missa muito bonita, com muitos cânticos e danças, e com muitas dezenas de dançarinos vestidos a rigor, todos bem sincronizados a dançar ao ritmo das músicas que eram cantadas por um numeroso côro. Onde o meu olhar se fixou muitas vezes foi no grupo das crianças dançarinas: talvez umas vinte ou trinta que, apesar de não terem mais do que uns 7 ou 8 anos de idade, dançavam também, ao ritmo das músicas, a mesma coreografia que os adultos . A missa foi portanto muito participada... e também muito celebrada: mais de quatro horas! Mas com uma liturgia tão bonita e tão bem preparada como esta, a verdade é que não se dá pelo tempo a passar.


Refugiados da Somália

Tal como têm vindo a ser referido um pouco por todo o mundo pelos meios de comunicação social , devido à seca e à fome a situação na Somália está a ser neste momento extremamente difícil, ou mesmo trágica, para muitas centenas de milhares de pessoas. A maior parte dos somalis que têm procurado refúgio fora do seu País tem-se dirigido para a Etiópia ou para Dadaab, no leste do Quénia. Devido ao evoluir desta situação, o JRS está agora a preparar-se para abrir uma nova missão na Etiópia, perto da fronteira deste País com a Somália.
Aqui no campo de Kakuma, que fica mais na parte noroeste do Quénia, mais próximo da fronteira com o Uganda e com o Sul do Sudão, não temos nos últimos tempos recebido muitos dos refugiados da Somália, ou pelo menos não directamente. De facto, devido ao número de pessoas no campo de Dadaab ser já muito superior àquele para o qual o campofoi concebido, alguns dos somalis que chegam a Dadaab acabam depois por ser enviados para Kakuma. Pelo que oiço dizer, uma média de mil novos refugiados têm chegado em cada dia a Dadaab. Esse campo conta por isso já com mais de 440.000 pessoas (!).
Entretanto, aqui em Kakuma, o número total de refugiados é bem menor: cerca de 80.000 neste momento. O grupo nacional mais numeroso em Kakuma é também já oriundo da Somália: cerca de 43.000 pessoas que abandonaram nos últimos anos o seu País de origem devido à violência e à interminável guerra civil, que dura há já mais de vinte anos. O segundo maior grupo de refugiados de Kakuma, com umas 24.000 pessoas, é oriundo do Sul do Sudão.


Novas Responsabilidades

Entretanto, em Kakuma passei recentemente a assumir novas responsabilidades no JRS: desde o início de Agosto passei a ser o coordenador do JC-HEM, um projecto de ensino superior à distância (Jesuit Commons - Higher Education at the Margins: cfr. descrição na notícia publicada neste blog a 9 de Maio). Passei também a ser responsável pelo Arrupe Education Centre em Kakuma, supervisionando os vários projectos de educação que o JRS tem em execução, e também a ser Adjunto do Project Director do JRS Kakuma.


Mwangaza Spirituality Centre

Durante a minha estadia em Nairobi, fiquei hospedado no Mwangaza Spirituality Centre: uma casa de retiros dos Jesuítas desta Província da África Oriental. Durante o tempo em que lá estive, encontrava-se na mesma casa um grande grupo de pessoas a fazer os Exercícios Espirituais de Sto.Inácio. A casa fica nos arredores de Nairobi (cfr. maps.google.com em vista de satélite, introduzindo as coordenadas -1.365528, 36.721485), numa zona que é hoje conhecida por Karen. O nome "Karen" vem de uma anterior proprietária destas terras – Karen Blixen – que foi representada por Meryl Sreep no filme Out of Africa (África Minha), um filme inspirado numa obra sua com o mesmo nome. Um outro filme dos anos oitenta – A Festa de Babette – é também baseado num outro livro da mesma autora. A propriedade que pertencia a Karen Blixen era muito grande e, após ter sido vendida, foi desmembrada em múltiplas partes. O terreno no qual agora se encontra a casa de retiros de Mwangaza é então uma pequena parcela dessa propriedade inicial.
Aproveitei os dias em Mwangaza também para descansar e rezar um pouco, desfrutando a tranquilidade e do muito verde que existe neste lugar. Um dos Jesuítas que mora nessa casa disse-me que não há muito tempo, antes da cerca ter sido construída, apareciam por vezes na propriedade algumas girafas vindas do Giraffe Centre, que fica bem perto de lá.
Um outro Jesuíta que também mora na mesma comunidade, norte-americano de origem mas a viver no Quénia há muitos anos, construiu no meio propriedade um mini-observatório astronómico: uma pequena casa com um tecto  amovível, artesanalmente construído por ele. Depois de aberto o tecto, pode dali observar-se o céu graças a um excelente telescópio que esse Jesuíta aí instalou. Numa das noites em que eu me encontrava em Mwangaza, ele convidou  um grupo de Jesuítas que lá se encontrava a observar o céu: as crateras da Lua, os anéis de Saturno e conjuntos de estrelas visíveis do hemisfério sul (Kakuma fica a norte do equador, mas Nairobi pertence já no hemisfério sul; cada vez que venho a Nairobi cruzo portanto o equador). Em seguida apresento algumas fotografias que tirei.


No Mwangaza Spirituality Centre.

A casa construída pela anterior proprietária deste terreno
(uma inglesa que deixou o Quénia nos anos 70)
é hoje a casa principal do Centro.

A vegetação e cores daqui
são bem diferentes da paisagem de Kakuma.
Numa visita ao Giraffe Centre que referi:
as girafas vêm comer à nossa mão.


2 comentários:

  1. Que bom receber mais notícias tuas !!!
    (desculpa só hoje ter visto mas não recebi "aviso" como pensava)
    Gostei especialmente da fotografia com a Girafa!
    Abraço
    Carlos

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  2. Gostei sr padre...gostei!

    Vim viver para Lisboa e trabalhar no Colégio Pedro Arrupe... estou entusiasmadíssimo!

    Um abraço e saudades,
    Diogo Carneiro

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