domingo, 8 de dezembro de 2013

Em Três Campos

Tivemos recentemente a visita no Chade da Directora Internacional do programa JC:HEM no qual estou a trabalhar. A visita destinava-se a confirmar a vinda deste programa para o Chade, bem como a escolher o campo de refugiados concreto onde este programa deveria começar. Visitámos três campos diferentes (todos eles no leste do País, junto à fronteira com o Sudão: refugiados do Darfur). Publico em seguida algumas fotos e videos dessa visita.



Com alguns membros da equipa do JRS no Chade.
No centro, em destaque, está o Sr. Oumar,
motorista do JRS e o homem mais alto
que até agora conheci: 2,07 metros.


O Director Regional do JRS para a África Ocidental,
Alberto Plaza sj, a Directora Internacional do
programa JC:HEM, Mary McFarland, e o
vice-representante no Chade do ACNUR
(Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Refugiados)


A embarcar num dos vários voos que fizemos.

Visitando um dos campos de refugiados

Reunião com alunos e professores
de um dos campos, potenciais
interessados no programa.


Reunião com uma associação de Pais e Professores
de um dos campos.


Reunião com alunos e professores noutro dos campos


Apesar dos refugiados serem do Sudão (Darfur),
a maior parte tem grandes dificuldades com o inglês.
As reuniões precisaram por isso de um intérprete
que traduzisse de inglês para árabe, e vice-versa.


Só depois de chegar aqui percebi verdadeiramente
a grande utilidade de proteger a cabeça desta maneira:
além do intenso sol, a poeira por estas zonas é muita.
Ao tapar a cabeça - e muitas vezes também a cara -
não se fica com a poeira entranhada na cara e no cabelo
(numa zona onde de resto a água é um bem escasso).


Fotografia de grupo depois de uma reunião num dos campos.
Goodbye! À bientôt insha'Allah...


A maior parte dos voos foram feitos em pequenos aviões
(das Nações Unidas) mas um deles foi feito neste helicóptero.



As paisagens desta zona do mundo: deslumbrantes...










Leito seco de um rio: a água corre apenas no tempo das chuvas. 





Vídeo de um minuto do helicóptero a levantar voo
(partimos poucos minutos depois do nascer do sol)
Consegue-se ver a sombra do helicóptero no chão.



Voando bastante mais baixo, as vistas
são diferentes das dos aviões. Aqui passando
junto a uma cordilheira de montanhas.




quarta-feira, 30 de outubro de 2013

no Chade

Faz hoje vinte anos que entrei na Companhia de Jesus - uma data tão importante e tão marcante para a minha vida. Dou muitas graças a Deus pela minha vida, pela minha vocação e por "tanto bem recebido" ao longo destes vinte anos, para usar as palavras de Sto.Inácio. Incontável a quantidade de horizontes novos - exteriores e interiores - que diante de mim se foram abrindo desde então; e de outros que continuam a abrir-se mais e mais...

Resolvi por isso - e também por há bastante tempo não dar sinal de vida por este meio - publicar hoje pelo menos algumas linhas.

Estou desde há umas semanas no Chade, para ajudar a lançar neste País o projecto do JRS no qual tenho estado a trabalhar nos últimos anos: JC:HEM (Jesuit Commons: Higher Education at the Margins)

Tenho até agora estado apenas na capital (Ndjamena). Isto por não ter recebido ainda a autorização oficial para poder entrar nos campos de refugiados. Esta semana, porém, chegaram finalmente as tais autorizações - para mim e para outras pessoas do JRS que estavam também à espera delas. Contamos por isso partir nos próximos dias para os campos (que ficam leste do País, junto à fronteira com o Darfur/Sudão).

A equipa do JRS-Chade conta actualmente com várias dezenas de pessoas: além de chadianos, há espanhois, burundenses, camaroneses, franceses, norte-americanos, marfinenses.

Neste momento ainda não tirei ainda nenhum fotografia. Mas espero ter algumas para publicar da próxima vez.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

One of Us - Um de Nós

Antes de publicar actualizações sobre o meu novo destino, deixo aqui uma ligação para uma iniciativa que visa garantir a protecção legal ao embrião, e cuja assinatura muito recomendo.


Se esta garantia for aprovada, este será mais um meio de contribuir para que todos os seres humanos na União Europeia, independentemente da idade que tenham ou do local onde se encontrem, possam ter a sua dignidade e os seus direitos humanos reconhecidos.






quinta-feira, 20 de junho de 2013

As Últimas de Mae Hong Son






A cidade de Mae Hong Son vista do topo de um monte vizinho, onde se encontra um templo.
Ao centro pode-se ver o lago que existe na cidade e à esquerda a pista do aeroporto.

O terminal do aeroporto de Mae Hong Son: um edifício moderno
mas construído também ao estilo da arquitectura tradiconal local.


Num dos extremos da pista do aeroporto.
Os aviões aqui têm de aterrar sempre no mesmo sentido
e levantar sempre no sentido contrário: é que no final da pista
(por detrás da câmara) existe uma colina que impede os aviões
de irem mais além (tal como se pode ver na primeira foto).

Uma barragem situada a poucos quilómetros da cidade.


Com a equipa do JRS de Mae Hong Son.


A comunidade de irmãs que tantos jantares me ofereceram
e onde durante a semana eu celebrava missa. 
São provenientes
das Filipinas e da República Dominicana.


Uma das casas já no campo de refugiados.

Outra casa no mesmo campo. As casas são todas diferentes entre si,
variando de acordo com a criatividade e as possibilidades do local.
As técnicas de construção, recorrendo quase exclusivamente
a bambus e folhas, nunca deixam de impressionar.
Ainda outra casa. Esta foi construída com varandas.

Foto de um dos campos tirada depois de um terrível incêndio que o devastou
em Março deste ano, tirando a vida a trinta e sete pessoas
e deixando muitas mais sem casa.

Uma engenhosa (e ecológica) solução encontradas pelas pessoas
num dos campos: várias mini-hidroeléctricas. Desviando parte da água
e fazendo-a passar por um pequeno canal, rodas como esta são ligadas
a um dínamo que produz electricidade (o suficiente pelo menos
para carregar telemóveis).

Com algumas das muitas crianças dos campos: estas de etnia Karen.



Foto da sala de aulas destinada ao programa JC:HEM
tirada antes das obras de renovação.


O interior da mesma sala de aulas
(onde dei também algumas aulas de inglês).

Para poder ter computadores lá dentro,
o tecto precisa de proteger totalmente das chuvas.
Por isso foi preciso instalar chapas de zinco.


Porém, com o calor que faz aqui em grande parte do ano,
zinco apenas tornaria a temperatura insuportavelmente quente
para quem estivesse dentro da sala de aulas...


...Por isso foi instalado também um segundo telhado,
este já composto de folhas, ao estilo tradicional,
para impedir que o zinco ficasse directamente exposto ao sol.


Ficando situada numa encosta, foi preciso também reforçar
as fundações da sala de aulas para que possam resistir melhor
às muitas chuvas que caem nesta região.

O interior da sala de aulas, depois de o chão ter sido pavimentado
com uma camada de cimento.


A instalação eléctrica a ser colocada.


Neste momento apenas três carteiras tinham sido montadas.


Instalação do video-projector no tecto da sala de aulas.


O pavimento no chão: rolo pástico a imitar tacos de madeira.




Com tudo quase pronto, pudemos finalmente trazer os computadores.


A sala de aulas do programa JC:HEM com tudo pronto:
com o video-projector e vinte e um computadores com ligação à internet a funcionar.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Em Mae Hong Son


Foto da casa do JRS em Mae Hong Son.
Estou desde Março em Mae Hong Son, uma pequena cidade com pouco mais de seis mil pessoas, situada no noroeste da Tailândia. Esta cidade é a capital de uma província tailandesa com o mesmo nome. Continuo a trabalhar com o JRS, ajudando a lançar num campo de refugiados perto daqui o projecto JC:HEM (ensino superior à distância para refugiados).


No mapa seguinte pode-se ver a localização exacta desta casa:
(carregando no botão "+" do lado esquerdo
pode-se ir fazendo o zoom-in da imagem)


A Tailândia tem um conjunto de campos de refugiados ao longo da sua fronteira leste (refugiados que na quase totalidade provêm da Birmânia).
Em Mae Hong Son o JRS trabalha nos dois campos mais próximos da cidade: um a cerca de uma hora de distância e o outro a cerca de três horas. 

Não sendo permitido ao pessoal das ONGs ou das agências das Nações Unidas permanecer nos campos durante a noite, ao fim da tarde regressamos a Mae Hong Son. 

O mapa seguinte apresenta o trajecto entre Mae Hong Son e o campo de Ban Mai Nai Soi (o mais próximo da cidade):




A paisagem aqui é bastante diferente da do Quénia:
a região é montanhosa e bastante verde.

As casas aqui também são bastante diferentes:
construídas com madeira e bambu e com
os telhados feitos de folhas de árvores entrelaçadas
(técnicas habituais nestas partes do mundo).
De um modo ou de outro, aos refugiados
não lhes é permitido utilizarem materias
mais sólidos ou permanentes,
como tijolos ou cimento.
O campo de Ban Mai Nai Soi alberga cerca de vinte mil pessoas.
A maior parte vem da Birmânia e fala a língua Karenni.


Convidados para almoçar em casa de um dos refugiados 
que trabalha no departamento local de educação
(com o qual o JRS colabora bastante de perto).
Como muitas das casas do campo, esta casa
é construída levantada a um ou dois metros
acima do solo.

Grande variedade de comida -
felizmente para mim nem toda ela muito picante.
Já de volta a Mae Hong Son:
participando na celebração da Vigília Pascal.
A maior parte da população da Tailândia
é budista, mas há uma pequena minoria cristã.
Durante esta Vigília Pascal cerca de vinte adultos
foram baptizados: todos eles da etnia Hmong
(vivem a poucos quilómetros de Mae Hong Son).
O Pe. Luís António, que presidiu à celebração, nasceu na
Colômbia. Pertence à congregação dos missionários xavieranos
e trabalha desde há uns anos na região de Mae Hong Son,
falando fluentemente o tailandês (a língua utilizada
nas celebrações desta igreja).
Estes trajes típicos, utilizados em ocasiões especiais,
são decorados com uma espécie de lantejoulas que
fazem um ruído característico (como de pequenos sinos)
quando quem os usa anda ou movimenta o corpo.